Não me provoque, tenho armas escondidas...
Não me manipule, nasci para ser livre...
Não me engane, posso não resistir...
Não grite, tenho o péssimo hábito de revidar...
Não me magoe, meu coração já tem muitas mágoas..
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
super-conectado
Presenciei um assalto.
Pela primeira vez vi algo assim, mas não sei dizer o que me
surpreendeu mais.
Era um dia ensolarado na capital palmense, pra variar, e o
movimento na avenida JK era intenso. Não imaginava que aquela hora do dia, com
uma grande movimentação de pessoas, fosse encontrar um indivíduo sentado em um banquinho, com um
notebook conectado a um modem 3G no colo, um smartfone no ouvido e o outro na
mão. Mas as pessoas que passavam não estavam enxergando aquele cara sentado
ali, todo mundo também estava conectado ao seu universo tecnológico. Eu também
estava, mas a bateria do meu aparelho celular acabou e fui obrigada a observar
o que estava se passando no local, claro, enquanto procurava com certo
desespero uma tomada. Foi quando dois caras, jovens e fortes, abordaram o rapaz
conectado a vários apetrechos tecnológicos. Na mesma hora, um dos celulares que
estava na mão, foi direto ao chão e do chão para o bolso de um dos caras que
abordaram o rapaz sentado, que vou chamar de super-conectado. Um canivete
apontado para o rosto do super-conectado o desconectou. Com sua arma, os caras
jovens e fortes, que vou chamar de assaltantes, pegaram todos os acessórios e
apetrechos, e celulares, e computadores, e afins e colocaram tudo dentro da
mochila, que deveria ser o altar sagrado do super-conectado. E neste momento eu
fui surpreendida, o assalto não era nada perto do que eu estava prestes a
presenciar, o super-conectado tentou reagir, mas foi em vão e após a partida
dos assaltantes com toda a vida do super-conectado, este ficou sem reação. Era
como se o canivete o tivesse atingido em todas as partes do corpo, sua
expressão era de horror, de desgraça e ele gritou, ele chorou, ele esperneou,
mas ninguém ouviu, ninguém fez nada, ninguém o via ali. O super-conectado
começou a observar as pessoas passando, começou a sentir seus gritos abafados
pelo eco dos toques dos celulares, viu suas lágrimas caindo pelo mesmo motivo
que mantinha as pessoas distantes dele, começou a se questionar em que mundo
vivia e porque continuaria vivendo em um mundo sem seus apetrechos, ninguém
sabia o quanto aquilo valia pra ele e não valia nada. Será que super-conectado
tinha amigos? Uma família? Namorada? Observou todos a sua volta, não dava pra
viver nesse mundo real. Se jogou em frente ao trânsito intenso, ninguém o viu.
Mas eu estava ali, horrorizada.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
nunca mais..
Escrever é um velho hábito que deixei morrer. Deixei
morrer ou matei, não sei definir bem. O que sei é que nunca mais escrevi. Bem,
escrever, eu escrevi. A profissão me obriga a escrever e a escrever bem e a
escrever o tempo todo. Mas escrever por amor, nunca mais! Por amor, por amor a escrita,
por amor a vontade de escrever, por amar. Falando nisso eu nunca mais amei. E
não foi por querer não amar, foi porque eu nunca mais amei mesmo. Nunca mais
ninguém e nada despertou esse amor.
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