Desde muito cedo as mulheres
lutam por representatividade política, por igualdade de gênero e de direitos.
Hoje, a grande luta do movimento feminista é por uma reforma política que
amplie a presença das mulheres nos espaços de poder e por uma democracia
participativa, para que as mulheres também possam protagonizar as principais
decisões e mudanças do país. Justo, lindo, um sonho.
Nós, mulheres, precisamos de
representatividade no congresso, nas assembleias, nas câmaras. Mas, não
precisamos oportunizar apenas UMA mulher, mas UMA MULHER que lute em prol de
nossas causas, que lute ao favor de nossos direitos, que não privatize e mercantilize
nossos corpos, que nos garanta a liberdade do corpo e da mente. Atualmente, o
setor conservador tem se mostrado muito forte no processo eleitoral, travando
discussões importantes como a questão do aborto e do casamento gay. Precisamos
de mulheres nesses espaços!!!
A política é historicamente
dominada pelos homens e as mulheres têm permitido que essa dominação se estenda.
Não precisamos ir muito longe para citar um exemplo de dominação e submissão,
vamos olhar para o cenário político tocantinense. Semana passada, o candidato a
vice-governador da coligação “A experiência faz a mudança”, Marcelo Lelis (PV),
teve o registro de sua candidatura rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) e renunciou sua candidatura ao cargo.
Ok. Até ai tudo bem. Mas essa
semana, adivinha quem registrou candidatura ao cargo? Não, não foi nenhum outro
nome de peso da coligação e sim a esposa de Marcelo, Cláudia Lelis. Qual a
intenção de inserção no cenário político? Participar do processo? Representar
as mulheres? Não, nenhuma das alternativas, até que alguém prove o contrário. A
intenção é falar, sem palavras, que Lelis continua ali. Seria algo como: “Olha,
minha candidatura foi rejeitada, mas a minha mulher está aqui, meu sobrenome
está aqui, eu estou aqui, ainda serei eu que darei as coordenadas, que
comandarei, usarei o NOME dela para mim”.
Porque as mulheres têm se
permitido isso? Com a morte de Eduardo Campos (PSB) surgiram rumores que a sua
mulher, Renata Campos, assumiria a candidatura à presidência. Mas para quê? Para
dizer, “Eduardo Campos não morreu, o sobrenome ainda estará aqui, as ideias
dele também vão estar, somos um só”. A esposa é mulher, é companheira,
constrói e cresce junto, mas ela não é e nunca será uma extensão do marido, não
existe um só.
As mulheres têm ideias próprias,
têm posicionamento, têm sua luta de classe...Ok que não tenha luta de classe,
ok que não tenha ideias próprias, ok que não tenha posicionamento político. Mas
agora, virar “propriedade” do marido para garantir que ele não retire seu nome
de um processo eleitoral é demais pra mim e, sem dúvidas, envergonha à luta de
todas as mulheres pelos seus direitos e contra a dominação.