terça-feira, 31 de janeiro de 2012

esquecer....

Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. Às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a fazer. E mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se ouça o coração bater desordeiramente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar, esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade. Às vezes, é preciso partir antes do tempo, dizer: aquilo que mais se teme dizer, arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a um Deus qualquer que nos dê força e serenidade. Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte, que o destino e as circunstâncias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim. Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizémos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito. Somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor. Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo a baixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda-fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo. Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio, paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar. Até se conformar e um dia então esquecer.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ah vocês..

Vocês não sabem o que têm nas mãos. Tocam os seios sem saber que no meio bate um coração, beijam bocas sem ouvir o que elas têm a dizer, fixam os olhos sem perceber que por trás há uma mente inquieta. São milhares de pensamentos e sentimentos que pulsam e se confundem, vocês deviam fazer mais que apenas assistir. Tenho pena dos que não se arriscam, dos que não pulam e gostam do morno, dos que se conformam com piscinas rasas e vidas rasas também. Tenho pena dos que vão embora cedo, dos que só viajam até a esquina, dos que pensam mil vezes antes de falar. Vocês não sabem o que têm nas mãos. E perdem amores por apostas, perdem companhia por desinformação e cumplicidade por medo. Perdem tempo. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

a triste história da menina que não se arrumou..

Quarta-feira. Ok, o que uma pessoa que não estuda, não trabalha e eventualmente limpa a casa, faz? Sim, ela limpa a casa e provavelmente não faz mais nada.

Só que são seis da tarde/noite e você está deitada na cama, com o computador na sua frente, futricando a vida alheia no facebook, falando merda no twitter e vendo vídeo idiota no youtube. Sua mãe fala “ se arruma que você vai no supermercado comigo” você – no caso eu – enrola. Sua mãe grita “ TÔ SAINDO” cê responde “ vou não, vou ficar aqui”. Daí seu pai entra no quarto “passa o modem pra cá”. Que saída você tem a não ser ir à droga do supermercado? Você abre o guarda-roupa e pega o primeiro vestido que vê, porque sair de pijama também é foda.

  •          Primeiro constrangimento: Sair correndo atrás do carro e virar o pé com aquela havaiana podre e infeliz de salto

Ai você entra no carro e vê seu reflexo no retrovisor, é, você nem penteou o cabelo. Cê pensa “ FODA-SE, eu só vou no mercado mesmo”. Só que a galera da sua casa decide ir no shopping, sua reação é “ PUTA MERDA! Manhê cê não disse que ia no mercado?” com a voz mais irônica que você conseguir imaginar, ela responde “vou, só que não agora, HE-HE”.

Pra não se estressar você mentaliza “ Cara, é quarta-feira eu não vou encontrar ninguém conhecido” Porque você mentalizou isso?? PORQUEEEE?? Desce do carro e já dá de cara com um amigo (viado, não vai te comer, mas vai falar mal de você, pode escrever).
Direto pra praça de alimentação, com passos rápidos inclusive, seus pais te colocam pra ficar sentada igual uma idiota guardando mesa, mas como você é revoltada e gorda, você levanta e vai procurar alguma coisa pra comer. Você escuta alguém chamar seu nome. É uma voz muuuuuuuuito familiar, você hesita antes de olhar pra trás. PAUSA DRAMÁTICA.

  •         Sabe aquele cara por quem você daria o céu(sol) daria o mar pra ganhar seu coração? O cara que você foi apaixonada por milhares de tempos e se brincar é apaixonada até hoje..Pois é, ele chamou seu nome, ele te viu! Ele nem mora mais na sua cidade sabe, mas a droga do menino tá ali NA SUA FRENTE. Seu coração acelera horrores e suas pernas tremem ( eu nunca acreditei nessa história de pernas tremerem e tal, achava a coisa cinematográfica mais escrota do mundo, mas aconteceu comigo).
  •          Sem jeito, sem palavras, você dá um simples cumprimento de “oi, fulano”, quando na verdade a sua vontade era pular no pescoço dele, arrancar a roupa e vários beijos também. Ai cê lembra. MEEEEEEU EU NEM PASSEI PERFUME.
  •         Vocês tão lá conversando, e claro, você tá com cara de panda, porque não dorme direito há dias (internet) e têm pelo menos três espinhas em estado crítico e umas seis aspirantes.
  •          O assunto meio que acaba e ele olha pra baixo. PUTA QUE PARIU, SEUS PÉS! Vai fazer um mês que você não faz a unha. Ele levanta e olha pra você. “CARALHO, certeza que ele viu minhas pernas cabeludas”. MALDITA HORA QUE VOCÊ COLOCOU UM VESTIDO, opa, ele tá descosturando, bem no decote, talvez a única coisa mais ou menos que tinha em você.
  •          Ele pega na sua mão e você se esquiva na hora. DEVE TER BROMBRIL EMBAIXO DE TODAS ELAS, NEM ROLA.
  •          Você se despede querendo que ele fique mais (talvez não naquele momento, nem naquela situação, mas QUERENDO ELE)...ele se vai e o que você vê no lugar que ele estava? Um espelho “CARALHO, meu cabelo, tinha esquecido”.


Sua – na verdade minha – vontade é de chorar, porque pra quem passa hidratante da VICTORIA SECRET’S pra dormir SOZINHA...é muuuuuuuuuita sacanagem!  E quantas vezes você saiu de casa arrumadinha esperando encontrar com ele né?

Moral da história: NUNCA SAIA DE CASA DESARRUMADA.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

mal amada..

Tem muita gente que acha ser bem resolvida na vida sentimental, sexual e o caralho de vida adjetiva que quiser. Afirma que tudo é muito fácil, que amar não é complicado, não é pecado, que companhia a gente arranja em qualquer boteco. Dá licença né? Ser bem resolvido é chato pra porra.

No auge da minha adolescência já fiz seis anos de terapia – as duas. Ter a pia cheia de louça pra lavar e terapia mesmo. Mas eu mandei a TERAPIA tomar no cu, porque eu decidi que eu não quero ser bem resolvida, eu não quero me entender, eu não quero ter que aprender a entender os outros, eu não quero ter paciência, eu nem quero pensar no que eu vou fazer e que merda de conseqüência isso vai ter na minha vida. SÉRIO. Eu nem quero amar. Eu só quero ser...amada.

Será mesmo que eu não quero amar? Quero sim. Porra de malaxofobia. Mas a verdade é que ser mal-amada é sim..muito fácil. Gracinha o ser humano “bem resolvido” virar pra mim e falar: “fia, o seu problema é falta de pica”. Beleza. Concordo não nego, resolvo o problema quando der – literalmente. Não é só isso não pô, a vida é muito mais que um pinto pra chamar de seu, sério, super acredito e apoio essa causa. A vida na verdade é ter um corpinho bonito, muita simpatia e dinheiro. Não tenho nenhum dos três. Mentira, simpatia eu até tenho com quem merece. Mas a vida não é isso não, me equivoquei. A vida pra mim é, hm, como posso dizer, uma MERDA, aquele cocozão meeeesmo, na moral. Raciocina comigo: Você pode até não querer cagar, mas você PRECISA CAGAR, se não cê morre. A mesmo coisa é a vida, eu PRECISO VIVER porque eu não tenho coragem suficiente pra me matar e tenho medo de morrer, falo mesmo.

Tomar no cu!!!! Que infinito de contradições que eu sou, mas eu não ligo, ou ligo? Ligo? Não ligo? Ligo? Não ligo?  Ligo? Não ligo? LIGO! Isso mesmo, é essa porcaria que eu faço quando eu to carente, precisando de amor e acho que escutar uma voz masculina vai resolver problema, RESOLVE O CARALHO QUE RESOLVE. Se fosse simples assim ligava pro meu pai. Mas sabe o que é bom em ligar? Se fuder, não que se fuder seja bom. Mas ai se sentir rejeitada é triste paporra, mas é bom ao mesmo tempo, acho que deve ser tipo namoro isso. Também não posso afirmar, porque a única coisa que eu sei de namoro é como se escreve. E você pensa que eu tô achando isso ruim? É, eu tô. Mas passou, já sabe né..tudo passa, até uva passa – MALDITO IDIOT@ QUE FEZ ESSA ANALOGIA. Ok, revolta a parte, essa frase é podre, eu sei. Mas precisei de PODRE pra fazer uma ligação com a minha vontade de xingar uma vadia que é PODRE. Isso mesmo acaba aqui,  porque essa vida de mal-amada não é fácil. Tô muito ocupada me lamentando.